Por Marcio Valley
Vivenciamos um momento político sério e um tanto perigoso. Esse momento pode ser simbolizado pela junção, orquestrada ou não, da atuação de quatro pessoas que trabalham incansavelmente para a desestabilização democrática: um ministro do Supremo que não respeita a toga que veste; um candidato que perdeu a eleição e resolveu retirar a máscara de bom moço que até então lhe serviu bem; um ex-cantor sem talento que voltou aos holofotes exclusivamente pelo oportunismo da grande mídia; e um ex-presidente intelectual amargurado por perceber que a história lhe reservará um papel secundário na política brasileira, principalmente em decorrência da atuação presidencial de um ex-operário sem doutorado que lhe roubou o título de estadista.
Além desses quatro trapalhões do apocalipse, não se pode olvidar do papel, muito mais relevante e significativo, da imprensa, que ecoa todo e qualquer movimento dos quatro, chegando a transformar pequenas passeatas de algumas centenas de pessoas em importantes “movimentos populares”.
A partir dessa união meio não querida, meio desejada, outros oportunistas entram no jogo, sentindo que, para qualquer direção que o barco vire, serão beneficiados, como Serra e Alckmin, além de aproveitadores de ocasião, como Eduardo Cunha, um certo juiz que preside um processo criminal no Paraná e diversos delegados federais mal-intencionados politicamente, que chegam a exibir despudoradamente na rede social suas reais intenções partidárias.
Tudo isso acaba por produzir um caldo político disforme, sem consistência quanto às reivindicações, mas ambos com a pretensão de passar por cima do processo eleitoral democrático e extirpar o PT do governo. São duas correntes, uma jurídico-política que pretende dar ares de constitucionalidade ao golpe e outra mais autêntica e desavergonhada que quer o golpe a qualquer preço, mesmo ao custo da ruptura institucional e imposição de uma ditadura.
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