Blumenau 27 de novembro de 2008, depois de vários dias de chuvas enfim uma trégua.
Durante 3 meses e meio, o Vale do Itajaí em SC, foi castigado com um volume de chuvas nunca visto antes, em décadas. O que agravou depois de 3 dias com uma precipitação de 500 mm de chuvas torrenciais que ocasionou a maior tragédia da História de Santa Catarina.
A cidade de Blumenau, que na década de 80, foi arrasada com as enchentes que mudou o rumo de sua História, viu desta vez a cidade mudar por completamente a sua topografia. Com o volume de chuvas os morros se desmancharam como castelos de areia e provocou uma mudança que vai delinear o futuro da cidade no que diz respeito a ocupações e moradias.
A várias semanas atrás, os jornais locais estampavam em suas capas, o que antecedia esta catástrofe "O morro da Corípós esta prestes a cair, 50 familías devem deixar as suas casas."," A queda de uma pedra de 30 toneladas arrastou uma moradia e amassou carros estacionados na rua. "Foi a mão de Deus que me salvou", disse a diarista Maria Pereira, cuja casa foi salva por uma árvore que desviou a trajetória da rocha. Na Rua 2 de Setembro, um buraco se abriu e fechou a pista.", " Casa desaba no Vorstadt Prefeitura decreta situação de emergência na Rua Pedro Krauss Sênior, de onde 30 famílias têm de sair".
As noticias foram piorando com o decorrer das semanas, onde as chuvas não davam trégua. Vários desabamentos mas não se imaginava no que ainda estava pra acontecer.
Na última sexta-feira a chuva tinha se intensificado e permanecido por todo sábado, quando o volume aumentou consideravelmente e sem intervalos, a defesa civil já indicava estado de alerta e sinal de enchente onde os abrigos começariam a ser ativados. A imprensa já apresentava números alarmantes mas as coisas ficaram ainda piores no domingo com o Rio Itajaí-açú em quase 12m. Bom como a cota de cheias na cidade é de 8m, ou seja, quando a primeira rua é atingida no município. Foi criado uma rede de canais locais chamada "Rede da Solidariedade", com os canais FURB TV canal universitário, TV GALEGA canal a cabo local e TVL canal da Câmara de Blumenau. Que prestaram uma grande ajuda à comunidade com pedidos de socorro e atendimento aos flagelados, ou seja, caso alguém estivesse procurando um parente ou amigo, telefonava ou mandava email para uma das 3 emissoras que revesavam na cobertura. Por sua vez o canal RBS TV afiliada da Rede Globo continuava com sua programação normal, somente nos telejornais se falava no que estava ocorrendo.
Quando a situação piorou na madrugada de domingo a "Rede da Solidariedade" já tinha se tornado o único meio de comunicação dos moradores de Blumenau e região, mesmo com mais da metade da cidade sem luz as pessoas que possuiam rádio de pilha podia ter informações da única emissora de rádio funcionando até aquele momento, à rádio FURB FM que fazia parte da "Rede da Solidariedade".
No decorrer da madrugada grande parte da população que não dormia aguardava novas notícias, principalmente sobre parentes e amigos. Isto quando sua casa não estivesse em área de risco, o problema é que desta vez quem estava embaixo tinha receio de ir para lugares altos por conta dos desmoronamentos que se tornaram piores de domingo pra segunda. Bom na segunda-feira o rio se establilizou e durante o resto do dia a imagem era de guerra com o número de mortes aumentando, pessoas ilhadas e ou isoladas e o problema já tinha se tornado o principal assunto dos noticiarios e principais jornais, e então o País ficou sabendo do que estava acontecendo.
Permaneci em casa até quinta-feira a pedido da defesa civil, e me dirigi a um supermercado pois já não tinha muita coisa em casa e aproveitei para visitar um abrigo e levar doações como roupas e um carrinho de bebê de minha filha, fiquei assustado com as cenas em que vi, ruas com muito barro vários centímetros, casas prestes a cair, árvores caídas, muitos barrancos que vieram ao chão e um cenário desolador. Imagino como estaria em áreas que foram mais afetadas, toda a cidade foi alterada, as pessoas com um silêncio e aparências nunca visto antes, as roupas estavam sujas de lama, no supermercado em que estive faltavam funcionários e o que procurei se tornara ouro na cidade "água mineral".
Hoje quinta-feira as pessoas tentam limpar as suas casas e ruas destruídas, mas com uma demonstração de solidariedade e esperança típica do povo daqui.
A pior parte que me reservo a comentar é os furtos e saques de pessoas que não são pessoas, ah e sem contar de comerciantes que aumentaram seus preços e mais de 400%. Fico por aqui e um abraço a todos.
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